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Audiofilia & Eletrônica
 
   
 
     
 
Fusíveis em Áudio - Uma Visão Geral.
 
     
 

Este texto, elaborado em uma linguagem simples e acessível, busca esclarecer se os fusíveis podem influenciar o desempenho de aparelhos de áudio e avaliar se aqueles comercializados como “especiais para áudio” realmente oferecem alguma melhoria na qualidade sonora do equipamento.

 
     
  Patenteado em 14 de outubro de 1890 por Thomas Alva Edison, o fusível possivelmente seja o dispositivo para a segurança elétrica mais conhecido pela população em geral, dada sua importância. No entanto, a maioria das pessoas desconhece seu funcionamento e suas características.
 
  Entre aqueles diretamente envolvidos com áudio, surge, ocasionalmente, a dúvida sobre a possibilidade de o fusível interferir na qualidade sonora de um aparelho eletrônico. A resposta a essa questão, naturalmente, depende das circunstâncias específicas. Isso ocorre porque, dependendo de onde o fusível é utilizado, ele pode ou não interferir no sinal de áudio.  
     
     
 

Um pouco de conhecimento

 
  Se, por um lado, o fusível é um componente cujo princípio de funcionamento é extremamente simples, por outro, é de fundamental importância para a segurança, muitas vezes evitando tragédias.  
  Um fusível pode ser tão simples quanto um fio condutor delgado, conhecido como elemento fusível, que, ao ser percorrido por uma determinada intensidade de corrente elétrica, se aquece devido ao fenômeno físico conhecido como efeito Joule até alcançar seu ponto de fusão, rompendo-se e abrindo o circuito elétrico, interrompendo, dessa forma, a circulação da corrente. Nos modelos mais comuns, utilizados em aparelhos eletrônicos, o elemento fusível está localizado no interior de um tubo cilíndrico feito de vidro transparente ou cerâmica, com extremidades fechadas por terminais metálicos conectados ao elemento fusível.  
  Se, por ventura, a tensão no circuito, assim como a corrente circulante, exceder a capacidade de ruptura para a qual o fusível foi projetado, pode ocorrer, após a fusão do elemento fusível, a formação de um arco voltaico, permitindo que a corrente continue circulando. Caso o arco não seja extinto imediatamente, a temperatura no interior do fusível aumentará rapidamente, podendo atingir milhares de graus, o que pode levar à destruição do corpo do fusível e causar um acidente.  
  No caso de um aparelho de medição, como um multímetro portátil, essa situação, em determinadas circunstâncias, pode ser grave o suficiente para causar queimaduras em quem estiver manuseando o instrumento. Em cenários extremos, o calor gerado ou o arco voltaico interno — ou aquele formado entre a ponta de prova e o ponto de contato — pode atingir a mão do operador, ocasionando, além de queimaduras, um choque elétrico de considerável gravidade.  
  Talvez o leitor imagine que essa possibilidade seja remota. Contudo, situações como esta podem ocorrer ocasionalmente, por exemplo, quando um eletricista utiliza um multímetro de baixa qualidade — seja um modelo de baixo custo ou um dos chamados ‘smart’ — para medir tensões em um quadro de distribuição de energia elétrica industrial ou em amplificadores de áudio que operam com altas tensões, como alguns modelos valvulados.  
  É importante destacar que um multímetro de alta qualidade, seguro em sua categoria, utiliza fusíveis capazes de absorver grande quantidade de energia instantânea. Esses fusíveis interrompem o arco de maneira segura, protegendo o usuário e prevenindo danos maiores ao instrumento. Sendo geralmente classificados para interromper até 20.000 ou 30.000 A (20 kA – 30 kA), e operar com tensões de até 1.000 V (1 kV), tanto em corrente alternada quanto contínua. Alguns desses fusíveis têm custo aproximado de cinquenta dólares, valor comparável ou até superior ao de muitos multímetros de baixa qualidade, que utilizam fusíveis inadequados ou sequer estão equipados com um.  
     
  Se o leitor deseja aprofundar seus conhecimentos sobre multímetros, poderá encontrar informações adicionais nos links abaixo.  
     
  Parte 3 - Considerações gerais sobre multímetros e exemplos de multímetros analógicos.  
  Parte 4 - Considerações sobre multímetros digitais e alguns exemplos.  
     
  Esse foi apenas um exemplo que destaca a importância de utilizar um fusível adequado e de boa qualidade. Contudo, aparelhos de áudio raramente demandam fusíveis com níveis de segurança tão elevados, pois operam em condições mais controladas. Diante disso, fusíveis de pequenas dimensões são adequados para esses aparelhos eletrônicos.  
  Um fusível com corpo de cerâmica é mais resistente e seguro em comparação ao de vidro. No entanto, ele não permite uma inspeção visual capaz de identificar a oxidação do elemento fusível causada por um ou mais momentos de sobrecarga, ou determinar se o fusível queimou devido a um pico de corrente mediano ou intenso. Além disso, a cerâmica não possibilita o uso da técnica de descoloração do vidro, para indicar que o fusível está aberto.  
  Em um fusível miniatura, quando a corrente esperada em um curto-circuito for inferior a 35 A, o fabricante pode utilizar um tubo de vidro contendo apenas o elemento fusível em seu interior. No entanto, alguns modelos são equipados com vidro reforçado, permitindo a operação em níveis de corrente de até aproximadamente 150 A.  
  Um fusível de vidro reforçado pode ter sua capacidade de interrupção da corrente de curto-circuito aumentada para até 1.000 A (1 kA) quando preenchido com um elemento extintor, como a areia de quartzo. Neste, se o vidro reforçado for substituído por cerâmica, a capacidade de interrupção pode ultrapassar vários milhares de amperes.  
  Os valores mencionados acima variam consideravelmente entre diferentes modelos e fabricantes, sendo apenas exemplos. Esses valores correspondem às correntes que o fusível é capaz de interromper, conhecidas como corrente de ruptura, e não têm relação direta com o valor da corrente nominal impressa no corpo do fusível. Por exemplo, um modelo de fusível com corrente nominal de 1 A pode ser capaz de interromper a circulação de uma corrente de 35 A. Enquanto outro modelo, também de 1 A, mas com um grau maior de segurança, pode ter uma capacidade de interrupção de 1.500 A (1,5 kA).  
  Essas correntes elevadas ocorrem durante um curto-circuito, e sua intensidade depende das características do circuito elétrico.  
     
  Muitos fusíveis contêm areia de quartzo em seu interior, cujo principal componente é o dióxido de silício (SiO₂), a fim de aumentar a capacidade de extinção do arco voltaico. Sua presença também influencia o tempo de atuação do fusível, razão pela qual o elemento fusível é dimensionado levando em conta o uso desse componente extintor.  
     
  Infelizmente, uma parcela significativa dos fusíveis para aparelhos eletrônicos disponíveis no mercado brasileiro apresenta baixa qualidade. Além de frequentemente não corresponderem à corrente especificada, muitos apresentam mau contato interno, desalinhamento das terminações e, não raramente, dimensões físicas fora dos limites normatizados, o que compromete o encaixe preciso no porta-fusível.  
  A falta de fiscalização adequada expõe os brasileiros a sérios riscos ao adquirirem componentes de baixa qualidade, em sua maioria importados.  
  Ao longo de inspeções, revisões e reparos em aparelhos e equipamentos eletrônicos, muitas vezes me deparei com fusíveis de qualidade tão baixa que alguns chegaram a provocar carbonizações significativas, com potencial risco de iniciar um incêndio. Em vários casos, o fusível original havia sido substituído por um de qualidade questionável ou por um modelo com características incompatíveis com o aparelho.  
  Houve, entretanto, um caso em que o próprio fabricante utilizou um fusível cuja corrente de atuação era aproximadamente sessenta vezes superior à necessária para o aparelho. Na eventualidade de um curto-circuito significativo no circuito eletrônico, esse fusível não abriria (ou queimaria), permitindo que o pequeno transformador de força ou outro componente aquecesse perigosamente. Não por acaso, o aparelho desse fabricante apresentava qualidade bastante baixa, resultado de uma tentativa de copiar um produto que, por sua vez, já era uma cópia modificada do circuito de um importante fabricante. Situações graves como essa acontecem quando alguém, sem conhecimento técnico e sem ética, decide se tornar fabricante de produtos eletrônicos.  
  Por outro lado, felizmente, fusíveis seguros e de excelente qualidade estão disponíveis no mercado, embora sejam difíceis de encontrar nas lojas brasileiras. Ao longo deste texto, serão mencionadas algumas marcas confiáveis, que seguem normas técnicas internacionais e cujos produtos são aprovados por agências renomadas, como Canadian Standards Association (CSA), Underwriter Laboratories (UL), Product Safety Electrical Appliance & Material (PSE), Verband der Elektrotechnik (VDE), Technischer Überwachungsverein (TÜV) e outras.  
     
     
 

Fusíveis para corrente contínua ou alternada?

 
  Muitos, incluindo alguns fabricantes de aparelhos elétricos e eletrônicos, não se atentam ao fato de que existem diferenças entre fusíveis projetados para linhas de corrente contínua (DC) e aqueles destinados a linhas de corrente alternada (AC). Além disso, é essencial levar em conta as características distintas de um mesmo fusível quando utilizado em corrente contínua ou alternada.  
  Essa diferença ocorre porque o arco voltaico tende a se manter com maior facilidade em corrente contínua do que em corrente alternada, podendo se sustentar por períodos prolongados. Já em corrente alternada, o arco pode se extinguir naturalmente, dependendo das condições ambientais e do circuito. Isso acontece porque, ao contrário da corrente contínua, a corrente alternada varia sua intensidade, reduzindo-se até atingir um ponto em que a tensão chega a zero, antes de aumentar novamente com a polaridade invertida. Esse comportamento pode extinguir o arco, desde que as condições de ionização e tensão não favoreçam sua continuidade. No entanto, se a tensão for elevada e o meio estiver altamente ionizado, o arco pode continuar se reacendendo a cada semiciclo, tornando-se mais duradouro.  
  Devido a essas particularidades, um fusível projetado para uso seguro em corrente contínua deve contar com mecanismos adicionais para interromper o arco mais persistente, algo que pode não ser necessário em corrente alternada.  
     
  Entre as soluções mais comuns para fusíveis de DC utilizados em eletrônica estão:  
 
  • O uso de um elemento fusível mais longo, ampliando a distância entre os terminais para aumentar a tensão máxima de operação.
  • A inclusão de areia de quartzo, que ajuda a dissipar a energia do arco e a extingui-lo com maior eficiência.
  • Mecanismos que afastam os eletrodos internos no momento da fusão do elemento fusível.
 
     
  Certos fusíveis utilizados no interior de aparelhos eletrônicos operam em linhas de corrente contínua (DC) e, por esse motivo, precisam ter características específicas para essa aplicação, sendo por vezes maiores, mais complexos e mais caros que os fusíveis para corrente alternada (AC).  
  Em baixas tensões, essa característica é menos relevante, pois as tensões encontradas no interior de aparelhos transistorizados — tanto as contínuas quanto as alternadas — geralmente são bem menores do que a máxima tensão dos fusíveis mais comuns para AC. Assim, esses fusíveis, quase sempre podem ser utilizados para tensões DC. Por exemplo, um fusível classificado para 250 V AC deverá funcionar perfeitamente em uma linha de 40 a 60 V DC de um amplificador de estado sólido de média potência.  
  No entanto, essa questão se torna crítica à medida que tensões mais altas estão envolvidas, como em amplificadores valvulares que utilizam válvulas como 211, 304, 308, 833, 845 e outras, cujas tensões contínuas podem variar entre 1.000 V e 4.000 V, exigindo fusíveis apropriados. Mas, na prática, não é incomum observar fusíveis para AC sendo utilizados, de forma incorreta, no limite ou acima de sua tensão máxima de trabalho em linhas de DC.  
  Já encontrei aparelhos valvulados empregando fusíveis de 250 V AC em linhas de corrente contínua de 600 V ou mais, o que representa um risco, pois esses fusíveis podem não ser capazes de interromper o fluxo da corrente elétrica em caso de curto-circuito.  
     
     
 

Fusíveis em Quadros Residenciais de Distribuição de Energia

 
  Fusíveis para uso em quadros de distribuição de energia elétrica, com tensões de 127 ou 220 V, precisam lidar com grandes surtos de energia de maneira segura. Por isso, muitos desses fusíveis possuem areia de quartzo em seu interior ou fazem uso outras técnicas para extinguir o arco voltaico. Isso se torna ainda mais relevante quando um curto-circuito ocorre devido a uma avaria causada por uma descarga atmosférica (raio).  
  Embora, na maioria das vezes, um fusível sozinho não evite a queima de um aparelho, ele é um recurso importantíssimo de segurança, capaz de evitar incêndios e danos graves à edificação em casos de curto-circuito.  
  Como já vimos, ao projetar um fusível, o engenheiro responsável define suas características, incluindo a presença ou ausência de areia de quartzo em seu interior. Fusíveis preenchidos com areia de quartzo devem ser mantidos em sua forma original, pois a remoção desse material compromete seriamente a segurança e altera o tempo de fusão do elemento fusível. Vale enfatizar que o uso da areia de quartzo tem como principal objetivo extinguir o arco, aumentando a corrente de ruptura e, consequentemente, a segurança.  
  Ainda assim, há quem remova a areia, acreditando que isso melhora a qualidade sonora de um sistema de áudio.  
  No entanto, essa prática pode causar acidentes, especialmente porque a linha onde o fusível está instalado possivelmente alimenta grandes transformadores e indutores, presentes em amplificadores, regeneradores e filtros de linha de alta potência. A interrupção abrupta de uma corrente anormal nessa linha provavelmente resultará em uma tensão de arco significativamente maior que a da rede elétrica, e o fusível será destruído pelo calor, caso não consiga interromper o arco com segurança, devido a estar adulterado ou subdimensionado.  
     
  Uma sala de audição, alimentada por uma rede elétrica de 127 V, pode estar protegida por um fusível de 25 A e resistência interna de 0,003 ohm, instalado no quadro de distribuição. Se na sala houver em funcionamento um equipamento de áudio — também conhecido como sistema de áudio — que tenha um consumo de energia de 80 W, a queda de tensão provocada pelo fusível será de apenas 0,0019 V, o que equivale a 0,0015%. Para um equipamento que consuma 300 W, a queda de tensão será de 0,007 V ou 0,0056%. Ainda que o consumo atinja 1.000 W, essa queda não ultrapassaria ínfimos 0,02% da tensão da rede elétrica. Nestes exemplos, a resistência interna do fusível não aumenta significativamente ao ponto de causar uma queda relevante na tensão da rede elétrica. Mesmo com o consumo de 1.000 W, esta resistência não aumentará mais que 0,00012 ohm.  
  Esses fusíveis possuem indutância e resistência elétrica desprezíveis para a aplicação em questão, as quais não se alteram com a remoção ou adição de areia de quartzo em seu interior. Portanto, modificar um fusível, seja removendo ou adicionando areia de quartzo, não oferece qualquer benefício à qualidade sonora do equipamento de áudio, independentemente de ele estar instalado em um quadro de distribuição ou em um aparelho. Esse tipo de adulteração apenas compromete a segurança, expondo os aparelhos e todo o sistema elétrico a riscos.  
     
     
 

Fusíveis em aparelhos de áudio e, os supostos fusíveis especiais

 
  Sabemos que existem fusíveis de baixa qualidade que não devem ser utilizados, assim como há fusíveis de excelente qualidade, indispensáveis para assegurar tanto o desempenho quanto a segurança dos aparelhos de áudio.  
  Nos últimos anos, contudo, tem-se observado o surgimento de fusíveis comercializados como “especiais para uso em áudio”. Esses produtos, frequentemente oferecidos por pequenos “fabricantes,” são promovidos com a promessa de representar um verdadeiro ‘upgrade’ para os aparelhos de áudio, alegando benefícios como: maior definição sonora, redução de ruído de fundo, melhor palco e foco, agudos mais extensos, excepcional faixa dinâmica, entre outros.  
  Todavia, nenhuma dessas características sonoras pode ser alterada por um fusível, apesar das insistências de seus criadores em afirmar o contrário. Frequentemente, eles alegam feitos extraordinários baseados em supostas descobertas revolucionárias da física quântica ou no uso de materiais considerados experimentais, ou de aplicação restrita.  
     
  Se esses fabricantes oferecessem fusíveis para televisores, possivelmente alegariam que seu uso aumentaria o contraste, a profundidade do quadro e a nitidez, além de trazer cores mais vibrantes e maior definição. Imagino que isso não ocorra porque quase nenhum televisor contemporâneo permite ao usuário acessar o fusível para substituí-lo. No caso dos televisores, comerciantes inescrupulosos oferecem antenas que prometem essencialmente os mesmos benefícios, além de acessórios inúteis sob a alegação de que elevariam a experiência do telespectador a um novo patamar. Naturalmente, essas promessas jamais se cumprem.  
     
  Quem vivenciou os anos de 1970 e 1980 talvez recorde das telas transparentes de plástico ou vidro, com cores diversas em degradê, que prometiam transformar televisores preto e branco em televisores em cores, quando colocadas em frente aos aparelhos. Por mais absurdo que pareça, o mais inacreditável é que alguns usuários afirmavam enxergar as imagens realmente em cores.  
     
  É importante esclarecer que esses fabricantes e comerciantes obscuros de fusíveis são uma pequena minoria, e de forma alguma, pertencem à classe dos legítimos fabricantes de componentes elétricos e eletrônicos.  
     
  Um “fabricante” dos fictícios “fusíveis especiais” alega que, por seus produtos terem corpos cerâmicos, eles apresentariam “uma assinatura ressonante mais agradável”. Seja lá o que ele queira dizer com isso, essa frase não faz nenhum sentido — um autêntico disparate. Ao que tudo indica nem mesmo ele sabe o que está dizendo.  
     
  Fusíveis com corpo de cerâmica são amplamente utilizados há décadas e bastante comuns no mercado. O objetivo do material cerâmico é garantir maior segurança e, em hipótese alguma, tem a capacidade de modificar a assinatura sônica do aparelho. Muito menos apresenta alguma mística “ressonância agradável”.  
  Substituir um fusível de vidro por um de cerâmica não traz qualquer benefício para o áudio de um aparelho ou equipamento.  
  Fusíveis padronizados, certificados e de alta qualidade, com corpo vítreo ou cerâmico, estão disponíveis no mercado por uma fração do preço dos fictícios “fusíveis especiais”. Em distribuidores autorizados no exterior, um fusível certificado por diversas agências pode ser adquirido por cerca de um dólar, enquanto um suposto “fusível especial” pode custar dezenas ou até centenas de dólares.  
  É comum que os “fabricantes” dos fictícios “fusíveis especiais” afirmem que seus fusíveis podem ter um desempenho superior dependendo da posição em que são instalados. Por isso, recomendam que o consumidor teste o fusível em uma posição e, em seguida, inverta-o para comparar os resultados “sonoros”. Um deles chega ao desplante de dizer: “… a eletricidade deve fluir da esquerda para a direita quando você olha para o fusível…  
     
  Além de não apresentarem qualquer justificativa para essas afirmações ridículas, os “fabricantes” demonstram desconhecer — talvez por conveniência — que a corrente alternada da rede elétrica, assim como os sinais de áudio, circula em ambas as direções. Portanto, inverter o fusível não fará qualquer diferença.  
     
  Além disso, como fusíveis não possuem direcionalidade, nem mesmo em uma linha de corrente contínua seu posicionamento não exerce qualquer influência.  
     
  Mais recentemente, esses “fabricantes” têm recorrido a novas estratégias igualmente questionáveis, como alegar que seu fusível “especial” pode “alterar o comportamento dos elétrons, tornando-os mais musicais” ou corrigir supostas “distorções causadas por quilômetros de fios elétricos”, entre outras invenções fantasiosas.  
  Um ponto curioso é ver esses pseudofabricantes de fusíveis demonstrarem não saber nem mesmo o básico a respeito do funcionamento de um fusível e, ao mesmo tempo, tentarem passar uma imagem de que possuem profundo conhecimento e domínio de física quântica, bem como de segredos revolucionários a respeito de áudio. Essa incoerência se traduz nas tolices propagadas por eles em sua publicidade delirante.  
     
  É realmente inacreditável até onde alguém, movido pela avidez por dinheiro, pode chegar com suas declarações enganosas para iludir o consumidor.  
     
  Vamos, então, compreender melhor o funcionamento dos fusíveis em um aparelho de áudio.  
     
     
 

Onde um fusível realmente interfere no som

 
  Todos os fusíveis, quando utilizados na saída de áudio de um amplificador de potência ou integrado, ou em um sonofletor (caixa acústica), exercem algum impacto no sinal de áudio, geralmente devido à resistência elétrica tanto do fusível quanto do porta-fusível — especialmente quando o contato elétrico entre eles é imperfeito.  
  Quando um fusível está trabalhando próximo a sua corrente nominal, sua resistência elétrica interna varia conforme a temperatura do elemento fusível se altera, resultando em distorção harmônica. Nesse caso, como o fusível está conectado em série ao sinal de áudio, sua temperatura aumenta quando sinais de nível elevado são reproduzidos, elevando sua resistência interna à medida que a corrente se intensifica. Quando a corrente diminui, a resistência também diminui, seguindo, com alguma inércia, o ciclo de um sinal senoidal de baixa frequência. Quanto menor a frequência do sinal, maior será a distorção.  
  Nas condições mencionadas acima, a uma frequência de 20 Hz, a distorção harmônica total introduzida por um fusível de 1 A pode ultrapassar 0,015%. Mas, à medida que a frequência aumenta, essa distorção diminui devido à inércia térmica do elemento fusível, podendo ser imensurável para frequências maiores que 2 kHz.  
  No entanto, um aparelho de áudio não reproduz um único tom por vez, como os utilizados para medir a distorção harmônica total (THD), pois uma música pode ser composta por uma profusão de tons simultâneos. Como consequência, a variação da resistência que provoca distorções nos sons graves também pode ser responsável por modulação de amplitude e pelo aumento da distorção por intermodulação (IMD), afetando os agudos da música. Contudo, essa variação de resistência é mínima quando o fusível opera a frio, com uma corrente média ou de pico bem abaixo da nominal. Por conseguinte, em uma audição normal, a distorção será muito menor que a mensurada na corrente nominal do fusível.  
     
  As medições que realizei mostram que a resistência interna de um fusível de 1 A aumentou 3% quando operado a 40% de sua corrente nominal e 26% quando submetido à corrente de 1 A. Para um fusível de 100 mA, o aumento foi ligeiramente maior, em torno de 4,5%. No entanto, na corrente nominal de 100 mA, esse incremento se mostrou mais significativo, chegando a 44%.  
  Essa variação não-linear da resistência é a esperada e prevista pela física, sendo essencial para o funcionamento adequado de um fusível.  
  Para evitar a ocorrência de distorção, mesmo pequena, o fusível é especificado para uma corrente nominal consideravelmente superior à máxima prevista para o amplificador. Dessa forma, ele funcionará sempre a frio, minimizando seus efeitos na distorção e no fator de amortecimento. No entanto, essa abordagem reduz a proteção do aparelho, podendo levar o projetista a concluir que o uso do fusível não é proveitoso.  
  Na prática, uma instabilidade na resistência de contato entre o fusível e o porta-fusível pode causar mais distorção do que o fusível em si.  
  A resistência elétrica interna é uma característica necessária e intrínseca aos fusíveis, pois é em razão dela que haverá a diferença de potencial sobre o elemento fusível, aquecendo-o até alcançar o ponto de fusão.  
  À temperatura ambiente de 23 ºC, um fusível de retardo com corrente nominal de 100 mA (0,1 A) pode apresentar uma resistência de 4,8 ohms, enquanto sua versão para 10 A terá uma resistência significativamente menor, em torno de 0,007 ohm ou menos. Por essa razão, desconsiderando sua baixíssima indutância, o fusível possui uma característica predominantemente resistiva. Entretanto, alguns modelos, de construção helicoidal ou com mola, apresentam indutância mais significativa, que não deve ser ignorada quando empregados em altas frequências. Esses modelos não são ideais para serem utilizados em série com o sinal de áudio, e provavelmente nenhum projetista experiente os escolheria para essa aplicação.  
     
  Em um amplificador de 60 W, que esteja conectado a uma carga de 8 ohms, um fusível instalado na saída de áudio pode ser especificado para 6,3 A e ação rápida, apresentando uma resistência interna aproximada de 0,01 ohm. Caso o circuito amplificador tenha um fator de amortecimento de 200, este valor cairá para 160 com a introdução do fusível, em condições normais de audição. Contudo, na prática, o fusível não será o único componente em série com o sinal de áudio. Conectores, relés e, eventualmente, uma chave também podem estar presentes. A soma das perdas ocasionadas por cada um desses elementos, mesmo que pequenas, poderá resultar em um fator de amortecimento menor que 130. E, embora um fator de amortecimento de 130 seja satisfatório, no momento estamos apenas analisando o impacto de uma resistência adicional na saída do circuito do amplificador. É importante ressaltar que a resistência elétrica do porta-fusível, assim como as perdas causadas por possíveis maus contatos, não estão sendo consideradas neste exemplo.  
     
  Quanto maior o fator de amortecimento do circuito do amplificador, maior será o impacto causado pela presença do fusível. Vejamos: para um amplificador com fator de amortecimento igual a 2.000, o que implica uma resistência interna de saída de 0,004 ohm, a inclusão do fusível de 6,3 A elevará essa resistência para 0,014 ohm, reduzindo o fator de amortecimento para 571 — uma queda de 71,4%.  
  Por outro lado, em um amplificador com fator de amortecimento igual a 20, esse valor cairá para 19,5 com o uso do fusível de 6,3 A, representando uma redução de 2,5%. Contudo, nesse último caso, embora o fusível tenha menor influência, ele pode ser ineficiente para impedir danos ao amplificador em caso de sobrecarga na saída, requerendo um fusível para corrente menor. Porém, estes apresentam maior resistência interna, o que resulta em uma degradação mais significativa no fator de amortecimento. Se o valor calculado para o fusível proteger o amplificador se mostrar excessivamente baixo, o fusível irá aquecer quando o amplificador operar próximo à sua potência máxima, bem como em picos de grande amplitude e baixa frequência, causando, como já vimos, distorções. Nessas circunstâncias, o projetista deve considerar alternativas mais adequadas de proteção.  
  Apesar disso, há exemplos de amplificadores, especialmente aqueles dos anos 1970, em que o projetista optou por fusíveis com corrente nominal ligeiramente superior à corrente RMS prevista para operação na potência máxima. Este é o caso de um famoso amplificador de 150 W/8 ohms, equipado com um fusível de ação rápida de 5 A na saída de áudio, embora a intensidade de corrente RMS na potência máxima, em uma carga resistiva de 8 ohms, seja de 4,3 A. Essa escolha é justificada pelo fato de a música não ser um sinal de amplitude constante; consequentemente, a corrente média circulante é consideravelmente menor. Mas, mesmo olhando por este ângulo, a corrente de pico poderá causar distorções, especialmente porque a corrente pode ultrapassar os 4,3 A em cargas reativas, como as dos sonofletores de duas e três vias.  
  No aparelho em questão, o projetista parece ter priorizado a proteção do circuito em detrimento do desempenho alcançável pelo projeto do amplificador. Para viabilizar um preço competitivo, os circuitos desse e de muitos outros amplificadores comerciais, incluindo os atuais (2025), foram calculados com uma margem de segurança modesta, o que torna essa abordagem aceitável sob o ponto de vista estritamente comercial e justifica o valor do fusível utilizado.  
  Esses produtos, certamente, não refletem a filosofia adotada em amplificadores verdadeiramente High-End, nos quais não são admitidas economias que comprometam o desempenho.  
  Em muitos amplificadores comerciais, independentemente do custo, há circuitos ativos para protegê-los contra sobrecarga. Por isso, quando presente, o fusível atua como uma proteção adicional. No entanto, nem sempre o fusível na saída do amplificador tem como único propósito proteger o próprio aparelho. Em um amplificador de estado sólido ou em um OTL valvular, o projetista, por vezes, também considera a proteção do alto-falante no caso de uma falha do amplificador. O problema é que, na prática, o fusível pode evitar um acidente mais grave, como um incêndio, mas sua presença geralmente não protege o alto-falante.  
     
  O quanto um fusível influenciará o sinal de áudio, quando conectado em série à saída de um amplificador, depende de diversos fatores, incluindo, como vimos, as características do fusível, a amplitude e frequência dos sinais de áudio, a impedância de carga, as especificações do amplificador e outros aspectos relacionados.  
  Em razão da baixa resistência elétrica do fusível, essa influência é muito sutil e geralmente inaudível em um aparelho novo e bem projetado. Entretanto, com o passar do tempo, fatores como umidade e poluição do ar podem deteriorar a conexão elétrica entre o fusível e seu suporte, além de acelerar a oxidação e o desgaste dos contatos de relés ou chaves. Isso resulta em conexões elétricas deficientes e não lineares, que podem se tornar fontes significativas de distorção.  
  Essas distorções, por sua vez, são audíveis e podem ser mensuradas por meio de instrumentos laboratoriais apropriados, como medidores de distorção harmônica e intermodulação. Portanto, não se trata de um fenômeno subjetivo.  
  Apesar de facilmente constatável, a distorção causada por um mau contato pode ser de difícil localização por ser muitas vezes intermitente. Ou difícil de medir com precisão em razão de sua natureza instável, o que pode impedir que o medidor de distorção se estabilize e permita a leitura de seu percentual.  
     
  Em razão do exposto, projetistas de aparelhos de alta-fidelidade muito raramente utilizam fusíveis na saída de áudio de um amplificador ou na entrada de um sonofletor, evitando assim a introdução de mais um elo no caminho do sinal.  
  Existe uma técnica simples de realimentação negativa capaz de reduzir a níveis insignificantes qualquer distorção harmônica que possa ser gerada pelo fusível localizado na saída de um amplificador. Todavia, essa técnica é raramente utilizada e sua aplicação restringe-se a projetos específicos. Ela não se aplica, por exemplo, a amplificadores livres de realimentação negativa, além de ser pouco eficiente naqueles de baixa realimentação. Ademais, se mal implementada, tal técnica pode acarretar mais problemas do que soluções.  
     
  Os fusíveis declarados como “especiais para áudio”, mesmo se usados entre o amplificador e a caixa acústica, não trazem benefícios porque eles não são melhores que um fusível padrão. Seus “fabricantes” nem sequer fornecem as especificações técnicas obrigatórias para esses produtos. O que sugere que eles têm muito a esconder, e talvez nem mesmo saibam quais são as características reais de seus produtos, já que possivelmente nunca os testaram adequadamente.  
  Quais e de que forma as especificações dos fusíveis mais comumente utilizados em eletrônica devem ser apresentadas estão definidas na norma internacional IEC 60127. Contudo, esses “fabricantes” ignoram completamente essa norma.  
  Um fato semelhante tem ocorrido com fabricantes obscuros de capacitores e outros componentes, que destacam apenas supostas características sônicas e se recusam a fornecer especificações técnicas, impossibilitando, inclusive, que o projetista avalie o componente e o aplique em um circuito eletrônico.  
  A omissão de informações ou a divulgação de características técnicas falsas é uma prática recorrente entre charlatões.  
  É oportuno dizer que fabricantes sérios informam as características técnicas de seus componentes, e com base nestas o projetista define quais deles são ideais para o seu projeto. Essas informações são disponibilizadas nas folhas de dados, ou ‘datasheets’, que podem conter dezenas de páginas e centenas de especificações técnicas. Quando a qualidade é o objetivo de um projeto eletrônico, o engenheiro precisa de dados verídicos e completos para trabalhar, pois o circuito eletrônico é calculado com base nessas informações.  
  Por essa razão, nenhum fabricante sério de aparelhos eletrônicos faz uso desses fusíveis suspeitos em seus produtos ou recomenda seu uso.  
     
 

Há tempos, os projetistas sabem que o fusível na saída de um amplificador não é eficiente para protegê-lo. Além dos inconvenientes já mencionados, o fusível não é rápido o bastante para evitar danos a um semicondutor em um típico amplificador comercial de estado sólido. Isso ocorre porque muitos amplificadores, projetados dentro de um orçamento limitado, acabam não tendo a robustez necessária para suportar uma sobrecarga excessiva até a queima do fusível, já que essa robustez aumenta consideravelmente o custo de fabricação. Entretanto, o projetista precisa encontrar um equilíbrio, pois uma robustez excessiva compromete a definição sonora do amplificador, principalmente nos pianíssimos de frequências mais altas. Essa característica indesejável é frequentemente observada em amplificadores de alta potência.

 
     
  Por todos os motivos abordados neste texto, é pouco provável que o leitor encontre fusíveis na saída de áudio de um amplificador contemporâneo de alta-fidelidade, seja ele designado para integrar equipamentos mais modestos ou para aplicações de High-End.  
  Contudo, o fusível desempenha um papel fundamental em outras partes do aparelho, prevenindo que uma avaria facilmente contornável se agrave, causando danos a diversos componentes ou até mesmo provocando um incêndio.  
     
  Nos anos 1980, um cliente amigo procurou-me para reparar um receiver de fabricação nacional que estava completamente inoperante. O cliente relatou que, durante uma tempestade de raios, observou o ‘dial’ do receiver iluminar-se por alguns instantes, apesar de o aparelho estar desligado na ocasião. Após essa ocorrência, o equipamento deixou de funcionar.  
  Para a felicidade de seu proprietário, o fusível geral (principal) do aparelho queimou, protegendo-o de danos mais graves. Além do fusível, apenas o supressor RC precisou ser substituído para que o receiver voltasse a operar normalmente.  
  Embora falhas futuras e recorrentes sejam comuns em equipamentos danificados por descargas atmosféricas ou exposição à água, anos depois soube que o receiver ainda funcionava perfeitamente. Se o fusível estivesse mal dimensionado, essa proteção provavelmente não teria impedido danos maiores.  
     
     
 

Onde um fusível não interfere no som

 
  Os fusíveis de um aparelho de áudio estão quase sempre localizados na fonte de alimentação, o que minimiza sua influência no desempenho do circuito, tornando-a praticamente irrelevante. Além disso, dependendo de sua posição no circuito, é possível neutralizar completamente os efeitos de sua resistência interna.  
  Devido à baixa resistência elétrica do fusível, essa neutralização raramente se faz necessária. No entanto, ao contrário do que alguns imaginam, os projetistas de aparelhos High-End preocupam-se com detalhes cuja existência muitos desconhecem.  
  Como exemplo, o fusível de entrada de rede — ou seja, o fusível principal do aparelho, comumente localizado no painel traseiro — possui uma resistência interna irrelevante para interferir no desempenho do aparelho. Além disso, variações em sua resistência elétrica são extremamente pequenas, pois ele não aquece em condições normais de uso. E, a maioria dos aparelhos de um equipamento de áudio apresenta consumo praticamente inalterável. À exceção dos amplificadores integrados e de potência, cujo consumo aumenta conforme fornecem mais potência ao sonofletor, desde que não operem em classe A. Isso porque, estes últimos, apresentam consumo quase constante, independentemente do nível do sinal de áudio.  
     
  Em uma rede elétrica de 127 V, um fusível de ação rápida de 4 A, frequentemente utilizado em amplificadores de média potência, apresenta uma resistência interna aproximada de 0,02 ohm durante uma audição normal com um amplificador de 45 W por canal. Nessa condição, a queda de tensão provocada pelo fusível é de 0,0047 V (4,7 milésimos de volt), correspondendo a apenas -0,0037% da tensão da rede elétrica. Para efeito de comparação, a resistência interna do próprio amplificador é 26.880 vezes maior que a do fusível.  
  Mesmo nos aparelhos mais sensíveis às variações da rede elétrica — como diversos amplificadores fabricados antes de 1990 ou os atuais de baixo custo — a variação de −0,0037% na tensão da rede representa uma diferença de apenas 0,0076% na potência máxima do aparelho.  
  É importante esclarecer que essa diferença de 0,0076%, calculada como exemplo, ocorre exclusivamente quando o amplificador opera em sua potência máxima. Em níveis inferiores, absolutamente nenhuma variação ocorrerá, pois o ganho de tensão e os demais parâmetros permanecem inalterados.  
  Muitos amplificadores, por sua vez, são projetados para trabalhar normalmente com variações de ±10% na rede elétrica, sem nenhuma alteração em sua potência máxima de saída. Enquanto outros podem aceitar variações tão grandes quanto ± 45% — trabalhando entre 90 e 240 V — quando utilizam fontes chaveadas, embora estas sejam ruidosas e menos confiáveis que as avançadas fontes lineares dos verdadeiros aparelhos de High-End.  
  Além disso, em muitos lugares, a própria rede elétrica pode sofrer variações consideráveis, algumas em torno de ± 6% da tensão nominal, dependendo das normas de cada país.  
  Mesmo as tensões fornecidas pelos melhores regeneradores de energia do mercado apresentam uma variação entre ±0,12% e ±1% em sua tensão de saída.  
  Vale esclarecer que os aparelhos conhecidos como regeneradores de energia são fontes de alimentação AC reguladas e sincronizadas, capazes de fornecer uma senoide de baixa distorção de 50 ou 60 Hz e tensões entre 100 e 240 V, dependendo da região e do país. Alguns regeneradores podem ser programados para fornecer tensões diferentes daquelas da rede elétrica local. Esses aparelhos são muito diferentes dos filtros de linha de alta potência, que atuam como filtros passa-baixas ou passa-faixa sintonizados, mas não geram nem reconstituem a senoide, como fazem os regeneradores. Consequentemente, a estabilidade da tensão de saída dos filtros é ligeiramente inferior à da rede elétrica que os alimenta, devido à resistência interna do próprio filtro ser mais relevante. Já os regeneradores ignoram grande parte das variações da rede elétrica e fornecem uma tensão estável e com menos distorção na saída. Ambos os aparelhos atenuam os ruídos de alta frequência presentes na rede elétrica.  
     
  Se um fusível de entrada de rede não interfere no funcionamento de um amplificador, mesmo que este apresente consumo variável de energia, é muito improvável que um fusível cuja resistência interna tenha sido neutralizada por uma localização estratégica ou por um circuito eletrônico apropriado cause qualquer efeito sobre o desempenho de um aparelho.  
  Nos demais aparelhos do sistema, assim como nos amplificadores classe A, cuja absorção de energia (consumo) é praticamente constante, qualquer insinuação de que um fusível possa interferir em seu funcionamento faz ainda menos sentido.  
  Além disso, muitos aparelhos, assim como os amplificadores, aceitam variações de ±10% na tensão da rede elétrica sem qualquer alteração em seu funcionamento. Portanto, são ainda menos suscetíveis as variações de apenas milésimos de volts causadas por um fusível.  
  É oportuno mencionar que diversos aparelhos possuem internamente componentes em série com a rede de energia elétrica, como NTCs, indutores, chaves e relés. De forma sucinta, o NTC é um componente com coeficiente de temperatura negativo, ou seja, sua resistência interna diminui à medida que se aquece. Na aplicação em questão, ele é utilizado para atenuar a corrente de partida do aparelho, reduzindo surtos de corrente que poderiam causar a queima do fusível ou de outros componentes. Além disso, minimiza o transiente gerado na rede elétrica, que pode interferir no funcionamento de outros aparelhos ou até desarmar um disjuntor. A presença de um NTC em um amplificador pode adicionar, tipicamente, uma resistência entre 0,2 e 1,4 ohms em série com a rede elétrica. Esta resistência é setenta vezes maior que aquela do fusível de 4 A, do nosso exemplo.  
  Nos aparelhos com fontes chaveadas, além do NTC, podem existir diversos indutores para reduzir o ruído gerado pela própria fonte, os quais apresentam uma resistência interna não desprezível. Diante disso, um fusível que já não interfere no funcionamento de um aparelho sem esses componentes também não terá qualquer influência sobre aqueles que os possuem.  
  Todas essas resistências adicionais fazem parte do projeto de um aparelho e são consideradas pelo projetista. Por conseguinte, o leitor não necessita se preocupar com essas questões de engenharia. No entanto, embora esses detalhes técnicos geralmente não sejam amplamente divulgados por não haver necessidade, sua explicação ao público consumidor poderia ajudar a refutar certos argumentos equivocados sobre a resistência elétrica de um fusível e alguns exageros relacionados a cabos de força.  
     
  Um experimento que comprova que o fusível de entrada de rede não interfere no desempenho de um aparelho é o teste comparativo A-B, no qual se avalia o desempenho do aparelho com e sem o fusível, por meio de uma conexão direta. Isso permite efetuar inúmeras medições, assim como comparações auditivas. Porém, é imprescindível que todo o experimento seja realizado por pessoal honesto, sério e competente. Utilizando instrumental adequado de laboratório e um equipamento de áudio de alta definição, capaz de revelar o máximo de nuances. O teste de audição será invalidado, por exemplo, se realizado em um pré-amplificador de alta definição, mas acompanhado por um amplificador de potência que apresente um som velado, ou se o sonofletor tiver coloração perceptível.  
  É importante destacar que, sem a proteção do fusível, esse teste representa um risco significativo de acidente em caso de falha no aparelho. Portanto, deve ser realizado apenas sob condições controladas, por profissionais qualificados e, preferencialmente, em um laboratório. Apesar dos desafios, trata-se de uma abordagem válida para refutar falsas alegações.  
  Esse teste pode ser útil para aqueles que têm dificuldade em aceitar o que a matemática e outros métodos de medição comprovam. O teste, naturalmente, deve ser conduzido de forma imparcial e jamais pelos representantes dos componentes suspeitos.  
     
     
 
Se um fusível pode ou não interferir no sinal de áudio,
depende de onde ele esteja localizado no circuito.
 
     
     
  Como vimos, um fusível pode exercer alguma influência quando está conectado em série com o sonofletor, como os utilizados na saída de áudio de um amplificador de potência ou integrado. Por outro lado, fusíveis de entrada de energia, presentes em amplificadores, pré-amplificadores, DACs, CD Players, gravadores, toca-discos e outros aparelhos, não interferem absolutamente no funcionamento e, muito menos, na qualidade sonora do equipamento.  
  Ademais, em prol da segurança, é preciso reconhecer que, mesmo que houvesse um pequeno impacto no desempenho do aparelho, seria preferível aceitá-lo a colocar sua vida em risco, suprimindo o fusível ou utilizando outro de maior corrente.  
  É altamente recomendável utilizar fusíveis com as características especificadas pelos fabricantes dos aparelhos, uma vez que a maioria dos fabricantes sérios sabe exatamente o que está fazendo.  
     
  Para que um componente interfira na qualidade sonora de um aparelho, ele precisa, antes de tudo, alterar o funcionamento deste. Afinal, apenas uma alteração nas características do funcionamento — e aqui não me refiro apenas às especificações técnicas — pode resultar em uma mudança na sonoridade. Isso porque apenas alterações reais podem ter efeito, já que não há nenhum tipo de energia misteriosa envolvida em um aparelho eletrônico.  
     
  Embora os fusíveis sejam comuns no interior dos aparelhos, o usuário geralmente tem acesso apenas ao fusível de entrada da rede elétrica. Por isso, é razoável considerar que os supostos benefícios alegados pelos fabricantes dos fictícios “fusíveis especiais” deveriam ser obtidos com a substituição desse fusível, que é o principal do aparelho.  
     
  Um fabricante de fictícios “fusíveis especiais” afirma utilizar prata como elemento fusível, alegando que isso permitiu reduzir significativamente as perdas elétricas, ou seja, a resistência interna. E, que isso resultaria em um “som perfeito”.  
  Apesar de sua maior suscetibilidade à oxidação, a prata apresenta uma diferença de 5,4% na resistência elétrica e 10,9% na temperatura de fusão em comparação ao cobre eletrolítico. No entanto, a prata já é utilizada há muito tempo na fabricação de fusíveis, assim como ligas de alumínio, antimônio, bismuto, chumbo, cobre, estanho, zinco e outros elementos. Por essa razão, seu uso em fusíveis não representa qualquer inovação. Além disso, a redução de alguns milésimos de ohm entre um elemento fusível de cobre e outro de prata não é tão significativa quanto a sua publicidade faz parecer.  
  Quando um material de baixo ponto de fusão e baixa resistência elétrica é utilizado como elemento fusível, dependendo do equilíbrio entre ambos, ele se torna mais eficiente do ponto de vista energético, mas não necessariamente em termos de segurança ou linearidade. Todavia, os fusíveis de boa qualidade já utilizam ligas adequadas. O grau de segurança apresentado pelo fusível é sua qualidade mais importante.  
     
     
  Não há nenhum problema substituir um fusível por outro com terminais banhados a ouro, por exemplo. Essa característica ajuda a reduzir o risco de oxidação e, consequentemente, de um eventual mau contato, que poderia ocasionar faiscamentos. Desde que o ouro tenha sido cuidadosamente aplicado para evitar problemas de aderência ou desgaste a longo prazo.  
  Embora o ouro não seja o melhor condutor elétrico, sua condutividade supera a do níquel, material amplamente utilizado nesta aplicação, e é muito menos propenso à oxidação do que o cobre puro e a prata. Entretanto, é comum que o revestimento de ouro seja aplicado sobre uma camada de níquel, em vez de diretamente sobre o latão ou o cobre dos terminais dos fusíveis. Esse procedimento é adotado porque esses metais tendem a se difundir na camada de ouro ao longo do tempo, comprometendo suas propriedades. O níquel atua como uma barreira, impedindo essa difusão e garantindo que a camada de ouro mantenha sua qualidade e estabilidade por mais tempo.  
  Os fusíveis com terminais banhados a ouro são mais bem aproveitados quando os contatos do porta-fusível também são banhados a ouro ou ródio, especialmente em regiões com alta umidade do ar. No entanto, a maioria dos porta-fusíveis é niquelada, estanhada ou prateada.  
  Todavia, o novo fusível de terminais dourados, não melhorará a qualidade sonora de um aparelho, a menos que o fusível anterior estivesse defeituoso ou fosse de qualidade tão baixa que apresentasse mau contato interno ou entre seus terminais e os terminais do soquete. Qualquer desses problemas poderia ser resolvido com a substituição por um fusível padrão do mercado ou, se necessário, pela troca do soquete ou porta-fusível. É provável que esse mau contato já estivesse causando aquecimento e ruídos intermitentes.  
     
  Certos fabricantes dos chamados “fusíveis especiais” são tão obscuros quanto seus próprios produtos, pois não fabricam fusíveis de fato. Em vez disso, simplesmente alteram as características de fusíveis adquiridos no mercado, aplicando um novo acabamento e, ocasionalmente, banhando seus terminais em ouro.  
  Fico me perguntando se algum desses comerciantes realmente acredita em seus próprios produtos e nas promessas delirantes que fazem, ou se, na verdade, estão rindo de seus consumidores.  
     
  Nenhum desses fabricantes obscuros possui certificação de terceiros para seus produtos. Isso não acontece devido ao custo que a certificação representaria, mas sim porque seus produtos provavelmente não passariam nos ensaios técnicos.  
     
  Não me parece reprovável alguém adquirir, de um fabricante respeitado, um fusível de primeira linha e banhar seus terminais com ouro, reduzindo a chance de mau contato elétrico e agregando valor ao componente. No entanto, é essencial que o fusível seja revendido por um preço justo, sem atribuir características além das possíveis para sua funcionalidade e sem o danificar durante o processo. Por outro lado, é desonesto atribuir propriedades fantasiosas a um produto com o objetivo de iludir e enganar o consumidor, induzindo-o a adquirir algo desnecessário e a pagar quantias muito superiores ao seu real valor.  
  Vale ressaltar que um banho de ouro realizado por terceiros nos terminais de um fusível não oferecerá garantia de funcionalidade, além de invalidar qualquer certificação originalmente atribuída pelo verdadeiro fabricante devido à modificação realizada. Além disso, deve-se considerar a possibilidade de o fusível sofrer danos durante o banho de ouro. Afinal, podem ocorrer infiltrações de produtos químicos ou aquecimento excessivo capaz de comprometer o componente internamente, especialmente se a temperatura se aproximar dos 90 °C.  
  É igualmente desonesto e inconsequente vender produtos cujas características de segurança foram comprometidas ou fabricar fusíveis que não estejam em conformidade com as normas de segurança. Por exemplo, é bastante comum que fusíveis de baixa qualidade, independentemente de custarem centavos ou centenas de dólares quando vendidos como “especiais”, não atendam sequer à corrente nominal especificada. Em outras palavras, um fusível anunciado como sendo de 1 A pode não interromper o circuito, mesmo sob correntes permanentes tão altas quanto 6 A, ou pode aquecer excessivamente sob correntes inferiores à impressa em sou corpo. Além disso, há casos em que o fusível não extingue o arco voltaico devido à sua corrente de ruptura ser muito baixa.  
     
  Caso o leitor tenha adquirido e instalado algum fusível modificado, cuja areia de quartzo foi removida de seu interior ou que sofreu qualquer outra intervenção que comprometa sua segurança, recomenda-se substituí-lo imediatamente por um modelo legítimo e adequado para a aplicação onde está instalado. Manter o fusível adulterado representa um risco significativo à segurança, pois ele pode aquecer perigosamente em caso de um curto-circuito e um eventual arco voltaico poderá não ser extinto. Nesse cenário, o fusível não conseguirá interromper a circulação da corrente elétrica, aumentando a probabilidade de um acidente.  
  Seria ideal que o consumidor estivesse sempre bem informado, para não ser vítima de nenhum tipo de armadilha envolvendo fusíveis e outros produtos. No entanto, sabemos o quão difícil é obter informações confiáveis nos dias de hoje.  
  Infelizmente, alguns periódicos se eximem de sua responsabilidade e prerrogativa de informar. De forma inconsciente, podem prestar um desserviço à sociedade ao aceitar anunciantes de produtos obscuros ou colaborar ativamente com seus criadores, publicando notas favoráveis a produtos ficcionais.  
  É importante dizer que uma pessoa vítima desses anunciantes não tem motivo algum para sentir-se envergonhada. Quem deveria sentir vergonha são os criadores desses produtos e, os próprios anunciantes caso tenham consciência do que estão comercializando.  
     
  Existem fusíveis de excelente qualidade para eletrônica, produzidos por empresas respeitáveis, cujos produtos possuem características adequadas de segurança. Alguns modelos já saem de fábrica com terminais banhados a ouro ou prata, ou oferecem esses revestimentos como opção. Além disso, apresentam corpo de vidro reforçado ou cerâmico e garantem alta confiabilidade. Embora esses produtos tenham um custo mais elevado em comparação aos fusíveis de origem desconhecida, vendidos como “importados” por muitas lojas brasileiras, seu preço é justificado. Isso porque suas características são certificadas por agências que os testam e aprovam.  
     
  Ao adquirir um produto confiável, o consumidor estará mais seguro e protegido contra os fusíveis suspeitos, frequentemente comercializados por pseudofabricantes e fabricantes obscuros, conhecidos por suas promessas infundadas e preços exorbitantes.  
     
  O leitor pode optar por fusíveis de alta qualidade e procedência, de marcas renomadas como Bel Fuse, Bussmann/Eaton, Littelfuse, Mersen, Schurter, Siba, SOC e outras reconhecidamente confiáveis, adquirindo-os junto a um revendedor de sua confiança.  
     
  Como a maioria dos “fabricantes” e revendedores de fusíveis supostamente “especiais para áudio” atribui a seus produtos características impossíveis, incluindo até direcionalidade, esses fusíveis não são recomendados, especialmente porque não possuem qualquer certificação ou especificações técnicas publicadas.  
  É oportuno destacar que tratamentos criogênicos não oferecem benefícios para fusíveis e são altamente desaconselhados, devido à possibilidade de deterioração das características do componente. Caso algum tratamento térmico seja necessário, em projeto específico, ele deve ser realizado exclusivamente pelo fabricante original, que detém o controle sobre as especificações de seus componentes e garante a confiabilidade.  
  Esse é um tratamento complexo, exigindo análises que podem requerer laboratórios equipados com microscópios eletrônicos e conduzidas por físicos altamente especializados. Além de ser extremamente caro, esse processo é crítico e está fora do alcance de pequenos fabricantes, e mais distante ainda dos falsos.  
  Além disso, grande parte dos produtos comercializados por fabricantes obscuros como supostamente tratados criogenicamente não passa por nenhum processo real de resfriamento a temperaturas extremamente baixas, sendo apenas uma estratégia para aumentar artificialmente seu valor.  
  Quando questionados sobre seus processos de fabricação, esses fabricantes recorrem frequentemente a evasivas, por vezes limitando-se a dizer que “tais processos são secretos”.  
  E, esses “segredos industriais” convenientemente impedem visitas às fábricas ou o acesso a áreas específicas, sob a justificativa de serem zonas perigosas...  
 

Outro ponto a esclarecer é que fusíveis não possuem tempo de ‘burn-in’. Alegar que um fusível “precisa de algumas centenas de horas para atingir seu potencial sonoro” é outra afirmação absurda, sem fundamento e sem sentido. Além disso, mesmo que isso fosse parcialmente verdadeiro, um fusível de força não altera as características sonoras de um aparelho, conforme já explicado. Por fim, fusíveis têm suas características degradadas por oxidação e estresse, podendo apenas piorar ao longo do tempo, nunca melhorar.

 
  Optar por adquirir um fusível suspeito, anunciado como “especial para áudio”, é uma decisão de livre arbítrio. Contudo, é essencial compreender que, em caso de um acidente — como danos graves ao aparelho devido à falha do fusível em interromper o fluxo de corrente durante uma sobrecarga — isso resultará na perda da garantia do respectivo aparelho.  
  Mais preocupante ainda é o risco de o próprio leitor ou um membro de sua família sofrer ferimentos graves, ou até perder a vida em um incêndio causado por um fusível inseguro, comercializado por um vendedor que, possivelmente, nem sabe o que faz. Ou pior, age conscientemente, desprezando a segurança e a vida de seus clientes.  
     
  Se, ao substituir um fusível, o leitor percebeu uma melhoria na qualidade do som do equipamento, é provável que essa impressão tenha sido resultado de autossugestão ou efeito placebo. Esse fenômeno ocorre frequentemente devido à expectativa gerada pelas promessas do vendedor.  
  Ao acreditar que obterá um benefício, a pessoa pode interpretar pequenos detalhes como melhorias reais, mesmo sem qualquer alteração objetiva no desempenho do aparelho. A expectativa e a sugestão influenciam fortemente nossa percepção, e muitas vezes nem nos damos conta disso. Esses pequenos detalhes podem, por vezes, envolver características que sempre estiveram presentes, mas que passaram despercebidas ou foram desconsideradas com o tempo, até que o ouvinte se concentre em busca de alguma diferença ou algo novo.  
  Outra possibilidade é que um mau contato interno no fusível ou em seu suporte tenha sido resolvido com sua substituição, restaurando assim a conexão elétrica e, o funcionamento normal do aparelho.  
     
  Fusíveis cujos fabricantes atribuem-lhes características fantasiosas não devem ser utilizados, pois configuram uma fraude e representam um potencial risco à segurança. Esses supostos “fusíveis especiais” são fictícios e não conseguem, de forma alguma, cumprir promessas de melhorias — nem mesmo discretas — na qualidade do som, quanto mais atender às mirabolantes e absurdas alegações de seus vendedores.  
  É recomendável que o leitor adquira fusíveis de alta qualidade, preferencialmente de marcas renomadas, que garantam a segurança e outras características por meio de certificações. Esses produtos são vendidos a preços justos, que podem ser dezenas ou até centenas de vezes menores do que os cobrados por fusíveis suspeitos sem qualquer certificação.  
     
  Há de se notar que os comerciantes dos fictícios “fusíveis especiais” são charlatões que exploram a ingenuidade e a desinformação dos consumidores. Esses comerciantes não possuem qualquer vínculo legítimo com o universo do High-End ou da audiofilia.  
     
  A audiofilia é uma atividade séria e respeitada, dedicada à apreciação de música de alta qualidade, reproduzida por meio de aparelhos de alta-fidelidade, buscando a maior verossimilhança possível e em níveis sensatos de audição.  
  Por sua vez, o High-End representa o segmento da alta-fidelidade composto pelos melhores aparelhos de áudio, que se destacam tanto pela excelência da engenharia quanto pela qualidade sonora.  
  Autênticos aparelhos de High-End são projetados e construídos com base em princípios de engenharia amplamente reconhecidos e cientificamente comprovados. E, embora haja espaço para experimentação, não há lugar para crendices ou charlatanismo na eletrônica.  
     
  Por melhor que seja um fusível, ele não pode aprimorar a qualidade sonora de um aparelho de áudio. Além disso, o uso de fusíveis suspeitos e sem certificação representa um perigo significativo para a integridade e o desempenho dos aparelhos, assim como para todo o equipamento. Esse risco pode, inclusive, resultar em um incêndio.  
     
  O que alguns comerciantes vendem não passa de ficção, uma promessa de feitos impossíveis.  
  Sim, o que estão oferecendo é ficção. Mas, ao chegar às mãos do consumidor, essa ficção se transforma em uma realidade perigosa.  
     
     
     
 
Fábio Maurício Timi - 2025.05.11 - 2
 
     
 
     
     
     
 
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